terça-feira, 12 de maio de 2015


Pensamentos de fim

     Apago as luzes. Recolho-me em silêncio. A cama vazia, fria convida sonhos esquecidos, só lembrados quando você aparece, sério, sisudo, triste. Não, não podemos mais. Também estou triste. E a tristeza é funda, antiga mesmo. Vem da infância, passa pelo dia em que você me deixou num dos momentos mais difíceis da minha vida. Você selou nosso destino. Herança de Tristão e Isolda. Chega aos dias de hoje em que o destino nos mantém separados. Choro todos os dias. Não sei lidar com essa tristeza que tratei de sufocar para me proteger. Não tenho nenhum controle sobre ela.
     Vejo seu discreto sorriso na foto. Fico pensando no menino melancólico e frágil, que me pedia cuidados. Eu também precisava deles. Eu também sou frágil. Espaço de superficialidades. O que será de nós nesse mundo em que todos querem ser amados, mas ninguém está disposto a amar? 
     Tomo você em meus braços. Nosso abraço! O beijo que era só nosso. Seu corpo e seus olhos estendidos ao meu lado, entregues. Saudade que preenche o vazio de você. Melancólicos entardeceres diluem as dores. Mais uma madrugada chega. Apago as luzes. Recolho-me com pensamentos de fim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário